Inglesas, alemãs ou belgas? Conheça as principais escolas mundiais de cerveja
22 de janeiro de 2018

Inglesas, alemãs ou belgas? Conheça as principais escolas mundiais de cerveja

Inglesas, alemãs ou belgas? Conheça as principais escolas mundiais de cerveja

Há centenas de anos, países europeus seguem parâmetros próprios de produção e criaram características próprias para suas cervejas

 

Mestre cervejeiro Claudio Ebert detalha as características de cada país e dá dicas para harmonizar e aproveitar os estilos ideais para o verão

 

As cervejas especiais ganharam o paladar dos brasileiros. Das fabricantes artesanais aos rótulos clássicos de marcas internacionais, não faltam opções para os mais diversos paladares: das mais refrescantes às amargas e 'experimentais', o desafio é conhecer algumas das principais "escolas cervejeiras" do mundo e saber qual se adequa mais ao seu gosto.

 

Para decifrar o mundo das ales, pilsens, tripels e outras tantas variedades, conversamos com o mestre cervejeiro e empresário Claudio Ebert, que compartilha com os leitores do blog do Shopping Casa & Design uma verdadeira aula sobre as escolas cervejeiras, as características e dicas para harmonizar com os mais diversos pratos.

 

"A cerveja vem basicamente de três países: Alemanha, Bélgica e Inglaterra. Há centenas de centenas de anos, estas regiões seguem alguns parâmetros próprios de produção e criaram escolas diferentes", explica Claudio, proprietário da cervejaria Kairós, de Florianópolis, e que produz rótulos especiais para cada um destes estilos.

 

Conheça as características principais de cada país:

 

Cervejas alemãs

Escola Alemã (inclui a República Tcheca):

  • ● É sem dúvida a mais cultuada mundialmente, com tradição regida pela Lei de Pureza, estabelecida há mais de 500 anos;
  • ● As cervejas alemãs tem como característica a eficiência e qualidade técnica, porém com pouco espaço para criatividade;
  • ● A maioria dos estilos produzidos por lá são lagers (cervejas de baixa fermentação), como Pilsen, Helles, Bock, Schwarzbier;
  • ● Outra tradição alemã são as cervejas de trigo da Bavária e o consumo em grandes festas coletivas, como a Oktoberfest de Munique;
  • ● A característica local é a produção de cervejas mais maltadas, ou seja, adocicadas, do que lupuladas (amargas);
  • ● As marcas mais comuns são: Paulaner, Erdinger, Franziskaner, Schneider, Hofbrau e Weihenstephaner.

 

 

 

Cervejas Inglesas

Escola Inglesa (inclui Escócia e Irlanda):

  • ● As cervejas são tradicionalmente mais amargas e secas e são conhecidas como ale, que nada mais é do que uma bebida com alta fermentação;
  • ● São mais complexas no sabor que as lagers alemãs, que tem o sabor mais arredondado. Elas também são mais amargas, mesmo nos estilos mais populares e algumas levam doses de açúcar como fonte de carboidrato;
  • ● Outra característica da Escola Inglesa é que as cervejas tendem a ser menos carbonatadas, com menos gás;
  • ● Os estilos mais comuns por lá são: pale ale, porter, stout, barleywine, bitter e brown ale;
  • ● As marcas mais comuns aqui no Brasil são: Guinness, Murphys, Fuller’s e Newcastle.

 

 

 

Cervejas Belgas

Escola Belga

  • ● Consegue se diferenciar e ter dezenas de estilos próprios num território tão pequeno, tradição que se estende também pela Holanda e norte da França;
  • ● Se destaca pela criatividade e o sabor complexo;
  • ● Por lá são produzidas cervejas de alta fermentação, adicionando ingredientes como semente de coentro, casca de laranja, anis e canela, entre outros;
  • ● Seu teor alcoólico, em geral, é o mais elevado, muitas vezes passando dos 10%;
  • ● Na Bélgica são produzidas as cervejas mais cultuadas do mundo: as trapistas, feitas nos monastérios por monges;
  • ● Os estilos mais comuns belgas são: blonde ale, witbier, dark ale, golden ale, tripel, dubbel e quadruppel;
  • ● Os sabores frutados das cervejas locais são marcantes por conta da levedura local, mas é também comum a utilização de frutas nas cervejas, principalmente nas lambics, cervejas de fermentação espontânea, em tanques abertos;
  • ● As principais marcas locais são: Leffe, Hoegaarden, Chimay, Duvel e Delirium, entre outras.

 

 

 

Cervejas Americanas

Além destas, há também a escola norte americana:

  • ● Uma das características é a inovação frente aos tradicionais estilos centenários europeus;
  • ● Elas vão de um extremo ao outro, desde as lights até as mais “lupuladas” do mundo;
  • ● Presença de notas florais, cítricas e tantas outras derivadas dos lúpulos americanos;
  • ● Outro fenômeno americano é o das microcervejarias: no inicio da década de 1990 eram apenas 290, hoje são quase 2.000 e cada uma imprime novidades e versões aos tradicionais estilos europeus: american lager, american IPA, double porter, double IPA, pale ale, barley wines, old ales e várias outras “experiências”;
  • ● As marcas mais encontradas são Budweiser, Miller e Coors, mas outras também se destacam como Brooklyn, Sierra Nevada, Samuel Adams, ...

 

 

Dicas para harmonização

Como alerta o mestre cervejeiro, a harmonização não depende da escola, mas sim do estilo da cerveja. Por isso, ele destaca um estilo de cada escola para que os leitores testem as harmonizações ideias:

 

"Na escola belga, temos a wit bier, uma cerveja bem leve, que combina muito bem com saladas, peixes, sushis e outras comidas leves e delicadas. Entre as alemãs, destaco a de trigo, que também combina com pratos mais leves, saladas e frutos do mar, mas também harmoniza bem com salsichas.
Das cervejas inglesas, há a red ale, mais maltada e que combina muito com carnes ensopadas, massas com molho vermelho e hamburgueres. Já a dry stout, com notas de café e chocolate, cai muito bem com sobremesas e bolos. Por fim, entre as norte-americanas, temos a IPA (que vai bem com comidas mexicanas e ajuda a realçar o sabor da pimenta) e a Cream Ale, muito delicada, boa para harmonizar com saladas e frutos do mar, entre outros pratos leves"
, resume.

 

Equipe Kairos

Segundo Ebert, à esquerda, todas as escolas cervejeiras têm estilos propícios para degustar no verão

 

E qual a cerveja ideal para o verão?

 

Segundo o especialista, todas as escolas cervejeiras têm estilos que combinam com o verão. "As mais propícias são aquelas que têm menor corpo e teor alcoólico mais baixo. Também é interessante que tenham uma alta carbonatação (adição de carbono) para dar a sensação de maior refrescância", ressalta.

 

Alguns exemplos são: a famosa cerveja pilsen e a de trigo (weiss), da escola alemã; a tradicional pale ale, inglesa; há também as wit biers, farm houses, saisons e várias outras ácidas da escola belga. Claudio acrescenta também as american light lager, muito comuns nos EUA e que são as cervejas de massa no Brasil - embora aqui elas sejam erroneamente chamadas de pilsen.

 

 


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