Florianópolis 345 anos: Movimento Traços Urbanos quer revitalizar espaços em áreas carentes e no Centro Histórico da Capital
22 de março de 2018

Florianópolis 345 anos: Movimento Traços Urbanos quer revitalizar espaços em áreas carentes e no Centro Histórico da Capital

Florianópolis 345 anos: Movimento Traços Urbanos quer revitalizar espaços em áreas carentes e no Centro Histórico da Capital

Entre as iniciativas do coletivo está o projeto Parque do Morro da Caixa, um deck urbano para a comunidade do Montserrat, e o desenvolvimento de um Distrito Criativo

 

A Florianópolis que comemora 345 anos de fundação nesta sexta-feira, 23 de março, é cada vez mais um reduto de diversos sotaques, que transformaram a antiga ocupação açoriana de Nossa Senhora do Desterro em um lar para mais de 480 mil moradores (dados do IBGE, 2017). A qualidade de vida, as dezenas de praias, as oportunidades no serviço público, as universidades e o crescente mercado de tecnologia são alguns dos principais motivos que fazem cada vez mais pessoas se abrigarem na capital catarinense.

 

Mas o rápido crescimento da cidade - que tinha um terço da população há quatro décadas - também gerou desafios urbanos: ocupações irregulares, problemas de mobilidade, crescimento de áreas carentes em infraestrutura e serviços são alguns dos resultados mais visíveis desta expansão.

 

Desde 2016, um grupo transdisciplinar de profissionais e moradores de Florianópolis com diferentes competências se reuniu para criar o Movimento Traços Urbanos, um coletivo que tem como meta planejar e executar ações que contribuam para a requalificação dos espaços públicos e de uso coletivo da cidade. Liderado por arquitetos e urbanistas como Silvia Lenzi e Giovani Bonetti, entre outros, o grupo conta também com apoio e participação de pesquisadores da UFSC e da comunidade interessada em transformar áreas degradadas de Florianópolis em espaços de convívio urbano e de estímulo à economia criativa e de serviços.

"O Movimento Traços Urbanos inclui cidadãos que procuram contribuir de forma pró-ativa com a cidade, notadamente com a qualificação de seus espaços públicos. Aqueles que têm mais disponibilidade podem e devem participar através de suas áreas de conhecimento e também na organização de eventos. A riqueza deste movimento está nesta composição plural. No nosso movimento a representação não é institucional. Quem participa, ingressa como mais um cidadão ou cidadã, independente do cargo ou função que ocupa", define a urbanista Silvia Lenzi.

 

Projeto de deck urbano sugerido para a rua Saldanha Marinho, no centro de Florianópolis

Projeto de deck urbano sugerido para a rua Saldanha Marinho, no centro de Florianópolis

 

Após sua criação, o Traços Urbanos realizou ações como palestras, oficinas de arquiteturas com crianças e grafitagem, na sede do Museu da Escola Catarinense, mantido pela UDESC. Outra ação de destaque foi o projeto do Parque do Morro da Caixa, que quer entregar à comunidade do Montserrat, no centro da cidade, um deck urbano projetado por estudantes de arquitetura. Está sendo estudado também a criação de um restaurante social para o Instituto Vilson Groh. Outro projeto de deck urbano está sendo trabalhado para o centro histórico de Florianópolis (foto).

 

"Estamos agora montando um programa que articule diversas atividades relacionadas com os espaços públicos do centro da cidade, as suas  vocações  e as possibilidades de revitalização buscando sempre a partipação pró-ativa dos cidadãos, nestas reflexões e na elaboração das proposições", comenta Silvia.

 

Centro Histórico: projeto para desenvolver um Distrito Criativo

 

O foco inicial foi o Centro Histórico da Capital - região entre o final da avenida Hercílio Luz, o antigo terminal de transporte urbano e a Praça XV de Novembro. Berço do comércio na cidade no século XIX e referência artística (a casa do pintor Victor Meirelles ficava na região), o local sofreu com o abandono do comércio popular e a fama de "mini-Cracolândia" nos últimos anos. “Nosso propósito é a qualificação do espaço público, sempre referenciado com o local e as comunidades. A partir disso, montamos vários grupos de trabalho responsáveis por buscar esta qualificação, para criar o que chamamos de distrito criativo”, explica o arquiteto Giovani Bonetti. A região também tem se tornado uma referência na cultura boêmia na Capital nos últimos anos.

 

Arquiteto Giovani Bonetti (à esquerda), a coordenadora do grupo de pesquisa VIA/UFSC, Clarissa Stefani e a urbanista Silvia Lenzi em reunião do Traços Urbanos

 

A ideia do Movimento Traços Urbanos é transformar a região no Distrito Criativo de Florianópolis, uma ideia que conta com o apoio do Centro Sapiens (braço do parque tecnológico Sapiens Parque), da incubadora Cocreation Lab (que desenvolve startups de economia criativa), da CDL de Florianópolis e também da Prefeitura Municipal. Um importante apoiador do movimento é o grupo VIA Estação Conhecimento, que reúne pesquisadores (alunos e professores da UFSC) e ajudou desde o início a criar metodologias inovadoras de trabalho e gestão, além de construir e dar sequência aos primeiros projetos.

"Não temos a pretensão de substituir atividades inerentes ao poder público mas temos certeza que se trabalharmos de forma articulada, incluindo outros atores sociais, a cidade sairá ganhando. Ouvi recentemente esta frase que resume bem a ideia: sozinhos vamos mais rápido, mas juntos iremos mais longe", conclui Silvia Lenzi.

 


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